Pesquisadores participam de V Seminário da Rede LAVITS

Nos dias 26 e 27 de julho ocorreu o V Seminário Lavits: intersecções entre pesquisa, ação e tecnologia no prédio do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) na Unicamp. No evento, foram realizadas reuniões entre os pesquisadores, para debates, exposição de pesquisas e planejamentos de projetos, além de roda de conversa promovida com novos parceiros da rede.

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Estiveram presentes os pesquisadores Bruno Cardoso, Fernanda Bruno, Henrique Parra, Marta Kanashiro, Paulo Lara, Rafael Evangelista e Rosa Pedro. No dia 26 foram discutidos andamentos internos, como as configurações do novo site da rede e as preparações para o IV Simpósio Internacional LAVITS, que será realizado novembro em Buenos Aires, na Argentina.

Já no dia 27, pela manhã, os membros da rede apresentaram suas pesquisas em desenvolvimento, ligadas ao projeto “Rede Latino-­Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade: interseções entre pesquisa, ação e tecnologia”, financiado pela Fundação Ford – o V Seminário também é uma das atividades previstas no projeto.

Rafael Evangelista apresentou os andamentos do game DIO, que está em fase de desenvolvimento. O jogo, que a princípio será disponibilizado em aplicativo para a plataforma Android, busca visibilizar dispositivos e mecanismos de vigilância espalhados pelas cidades ou mesmo nos próprios celulares, com os quais as pessoas lidam no dia a dia. Para isso os jogadores vão andar pela cidade mapeando câmeras de segurança instaladas em espaços públicos e privados.

Na história do game, uma plataforma de segurança, de uma empresa batizada de DIO, que interliga todas as câmeras do mundo, sai de controle e passa a agir por conta própria, no ápice da inteligência artificial. Existem duas facções que lutam contra essa situação: a Blind, que quer cegar as câmeras, e a Lens, que quer restituir o controle para os donos originais das câmeras. Os jogadores precisarão escolher uma das duas facções para jogar. O game está em fase de design e a estimativa é que o protótipo do jogo esteja pronto até o fim do segundo semestre de 2016.

Já a pesquisadora Marta Kanashiro mostrou o desenvolvimento do trabalho de divulgação da rede e elaboração e ajustes do novo site. Ela também trouxe relatos das oficinas realizadas no Chile com o objetivo de difusão e mobilização de parceiros, e apresentou planos para que sejam realizadas em outros países da América Latina.

Paulo Lara apresentou sua linha de pesquisa, sobre o espectro eletromagnético e rádio digital. Henrique Parra apresentou o site/blog de divulgação https://pia.milharal.org/ , como resultado das interações entre pesquisadores universitários e tecnoativistas, linha com a qual ele tem trabalhado. A ideia é discutir e estabelecer de maneira colaborativa um protocolo ético-político para implantação e gestão de um servidor web, numa ação que dialoga com o projeto de pesquisa Tecnopolíticas e Saberes Situados.

Parra também ressaltou sua participação em diversas atividades voltadas para a divulgação de questões de pesquisa da Rede Lavits, e da oficina realizada na III Cryptorave, “Jornalismo Investigativo e Pesquisa Científica: desafios para a privacidade, sigilo e proteção de dados na era digital”.

Bruno Cardoso explicou que sua atual pesquisa está focada em tecnologias de governo a partir de softwares e governamentalidade neoliberal. Como exemplo, ele citou artigo publicado sobre os mega eventos e a participação cada vez maior de empresas de tecnologia na composição dos sistemas de segurança no Brasil, com alto investimento em tecnologia.

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Fernanda Bruno apresentou seus interesses de pesquisa voltador para mediação algorítmica, a visão mediada por algoritmo, como sistemas de visualização, percepção, atenção, experiência e ação mediada por algoritmo. Trabalhando com a teoria ator-rede de Latour, um dos objetivos é começar a descrever os efeitos: controle e governo de condutas, experiência, discriminação. Uma das teorias trabalhadas é de que a racionalidade algorítmica de hoje tem suas raízes na cibernética, esta última vista como um novo modelo epistemológico. A metodologia busca observar is pontos em que essa mediação se faz visível, percebendo as falhas e os momentos de pane, que é onde o algoritmo mostra um pouco do seu funcionamento e da sua lógica.

Rosa Pedro trouxe informações sobre suas pesquisas acerca da relação entre a vigilância e as cidades, pensando nas formas de resistência nesses espaços. O trabalho é desenvolvido em parceria com o campo da arquitetura e do urbanismo. Ela tem focado em trabalhos de campo com a visão de que estes são entendidos como pequenos laboratórios, para que sejam multiplicadas suas versões, e focado em cursos dados como extensão, que sejam abertos para a comunidade, para que ativistas também possam participar.

Encontro com convidados

Ainda no dia 27, na parte da tarde, a Lavits promoveu uma roda de conversa com convidados interessados em desenvolver pesquisas em parceria com a rede. Na conversa, estiveram presentes os pesquisadores Bruno Bioni (pesquisador GPOPAI e advogado NIC.Br), Diego Vicentin, Gabriel Vituri, Paulo Tavares e Chico Caminati.

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