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Sorria! Você está sendo vigiado – Lavits

Sorria! Você está sendo vigiado

 

Vigilância
Imagem: Site Outras Palavras

Por Fernanda Domiciano, texto publicado originalmente no blog Fique Ciente.

Quem nunca pesquisou por algum produto na internet e depois teve o feed de notícias do Facebook bombardeado com o produto e lojas onde você pode comprá-lo? Pois é. Este é um dos usos que as grandes corporações fazem das informações que os usuários geram na internet. “Um e-mail escrito no Gmail, por exemplo, é lido pelo Google que vende propaganda direcionada produzida a partir dessas informações. Ou gera um relatório com informações sobre perfis de usuários que depois são usadas para integrarem ações de marketing”, exemplifica o pesquisador, Rafael Evangelista, que participa daRede Latinoamericana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Lavits).

Evangelista explica que antes mesmo do usuário apertar o enter em uma busca na internet, o servidor já está registrando o que ele escreveu e essa informação será usada pelo dono do servidor, para melhorar a busca e o comércio dessa informação.

O uso comercial das informações é uma das formas de vigilância, mas não é a única. “Os termos de uso que assinamos para podermos usar os serviços dão muita liberdade criativa para que as empresas pesquisem sobre esses dados e vendam análises baseadas neles para terceiros”, afirma. Geralmente, os termos de privacidade – que na maioria das vezes, o usuário sequer lê – falam sobre como as empresas podem acessar os dados dos usuários, ou seja, quais os direitos delas acessarem os dados, mas não como usuário pode se proteger.

A pesquisadora Marta Kanashiro, uma das fundadoras do Lavits, afirma que todas as tecnologias de comunicação permitem que o usuário seja vigiado, como o uso de celulares, principalmente os smartphones, GPS e televisão – hoje também interligada na internet. “É complicado pensar que todos estão sendo vigiados, mas é possível que sejamos vigiados. Isso pode gerar uma paranoia, mas é importante entender o modelo de negócio das corporações. Podemos ser vigiados, mas não temos que assumir uma postura paranoica ou de desistência”, afirma a pesquisadora em entrevista para a rádio Oxigênio, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O caso Snowden, mostrou uma das consequências do uso desses dados, que é a espionagem política e comercial sobre os cidadãos comuns ou agentes públicos. Edward Snowden, ex-administrador de sistemas da CIA e ex-contratado da NSA, tornou públicos detalhes de vários programas que constituem o sistema de vigilância global da NSA americana.

Evangelista afirma que a espionagem feita por governos, usou de uma infraestrutura privada, das empresas que oferecem os principais serviços da internet. “Outra consequência ainda pouco elaborada, mesmo teoricamente, tem a ver com o lucro que essas empresas têm obtido da exploração econômica desses dados. Há pesquisadores que afirmam que essas empresas são como parasitas, em uma relação simbiótica com os seus usuários. O fato é que ela têm amealhado grandes lucros com os dados, se colocando em grande vantagem no sistema econômico mundial”, afirma.

O que resta então aos usuários para garantir sua privacidade? Resistir! Como? Lutando por regulação e usando ferramentas que podem ajudar a protegê-la, como a navegação anônima e a criptografia. “Algumas pessoas defendem que a privacidade já acabou. Gosto de pensar que ela está sendo disputada por diferentes grupos e que está em transformação. Se diz que acabou, não é necessário nem regular e nem pesquisar sobre o tema. É um tema urgente para regulação e introdução cada vez mais frequentes de ferramentas que podem ser usadas para proteger a privacidade”, afirma Marta.

Pesquisas científicas

Evangelista afirma que cada vez se tem se pesquisado mais sobre vigilância, mas que os trabalhos ainda são poucos, perto da relevância do tema. Na América Latina, os pesquisadores têm trabalhado o assunto na Rede Latinoamericana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade, que está em contato com pesquisadores de centros internacionais.

A rede surgiu em 2009 e tem como meta dar visibilidade aos estudos que tratam de vigilância, tecnologia e sociedade. “Além de dar visibilidade, nossa ideia é reunir em uma rede para integrar diferentes áreas do saber, como arquitetura, geografia, computação, direito, comunicação e ciência sociais. Além disso, é promover o diálogo mais aberto com ativistas, pesquisadores e artistas que vêm tematizando questões entre tecnologia, sociedade e vigilância”, afirma Marta.

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