Entre os dias 4 e 5 de maio de 2018, integrantes do MediaLab e da Lavits participam da CryptoRave. Durante 36 horas, na Cinemateca Brasileira, cidade de São Paulo – SP, a CryptoRave (CR) traz atividades sobre segurança, criptografia, hacking, anonimato, privacidade e liberdade na rede. Na 5ª edição do evento, os pesquisadores apresentam coletivamente no sábado (05/05), às 17h, na sala Edward Snowden, “A economia psíquica dos algoritmos: atenção, emoção e persuasão”.
A palestra principal da CR intitulada “Tor – resistir à distopia da vigilância sem fronteiras!”, acontece sexta-feira (04/05), às 20h, com apresentação de Isabela Bagueros, coordenadora dos times do Projeto Tor, recentemente anunciada como a próxima Diretora Executiva.
A CryptoRave inspira-se na ação global e descentralizada da CryptoParty, a qual têm como objetivo difundir os conceitos fundamentais e softwares básicos de criptografia. Criada em 2014, a cada edição mais de 2500 pessoas participaram! A entrada nas atividades é aberta mediante a inscrição online gratuita.
MEDIALAB.UFRJ e LAVITS NA CR: A ECONOMIA PSÍQUICA DOS ALGORITMOS
O MediaLab.UFRJ e Lavits participam da CryptoRave, no dia 05/05 (sábado), às 17h20, na sala Edward Snowden, com a palestra: “A economia psíquica dos algoritmos: atenção, emoção e persuasão”. Abaixo, a descrição completa:
Já habituados ao monitoramento e análise cotidianos de nossas condutas online, os algoritmos que disputam a nossa atenção nas plataformas sociais miram as nossas emoções e traços psicológicos como seu mais recente e valioso alvo. O escândalo envolvendo a utilização de dados de cerca de 50 milhões de perfis do Facebook pela Cambridge Analytica escancara o que já é há alguns anos prática corrente no capitalismo de vigilância e na economia de plataformas: a utilização de técnicas psicométricas para análise dos dados pessoais, relacionais e comportamentais online, tendo em vista a elaboração de estratégias de influência, estimulação e persuasão de nossa atenção, desejos e afetos nos mais diversos setores: comercial, eleitoral, cultural, atuarial etc. Diante desse cenário, como compreender e analisar essa economia psíquica dos algoritmos? Que abordagens e metodologias nos permitem apreender as promessas e a efetividade desses procedimentos, bem como suas falhas, limites e embustes? Quais as implicações subjetivas, políticas e epistemológicas que emergem destas redes sociotécnicas, dirigidas ao caráter emocional dos dados online? Essa mesa visa debater essas questões centrais através de estudos de caso e de estratégias teóricas e metodológicas que serão apresentadas e discutidas pelos proponentes e por eventuais convidados.
Distribuída por diversas funções, instituições, dispositivos e propósitos, a vigilância contemporânea integra sistemas de gestão econômica e de controle da conduta de indivíduos e populações. Onipresente nas tecnologias e redes digitais que utilizamos cotidianamente, o monitoramento dos dados pessoais, bem como a gestão algorítmica destes, estão progressivamente consolidando uma nova lógica de acumulação e monopolização nos mercados globais, definida por alguns como capitalismo de vigilância ou capitalismo de plataforma.
Uma condição dos serviços tecnológicos é fundamental para que o mercado de dados prospere e floresça: que usuárias e usuários passem quanto mais tempo e atenção possíveis nas plataformas. Somente assim, seus dados serão extraídos e analisados para que seus comportamentos se tornem reconhecíveis e suscetíveis a intervenções. Portanto, para alimentar o capitalismo de vigilância e de plataforma, integra-se ao mercado de dados novas estratégias de uma economia da atenção que visa capturar, mobilizar e gerir globos oculares por períodos crescentes.
Recentes controvérsias, em especial o escândalo envolvendo a extração de dados de mais de 50 milhões de perfis do Facebook pela Cambridge Analytica, corroboram o entendimento de que plataformas sociais organizam informações de modo a influenciar indivíduos com estratégias definidas a partir de características psicológicas específicas. Ainda que a efetividade, a confirmação empírica e a validade científica das estratégias de persuasão e manipulação políticas e comerciais pela extração e uso de dados pessoais digitais sejam passíveis de fortes contestações, nos interessa perceber nessas controvérsias o que se pode revelar sobre os meandros e as armadilhas de sociabilidades e subjetividades desenvolvidas em torno e através dessas plataformas. Geridas pela criação de bancos de dados e por uma modulação algorítmica do conteúdo que ofertam, como estas plataformas influenciam nossos afetos e regimes de atenção? Quais as possíveis implicações subjetivas e políticas que emergem destas redes sociotécnicas? Nesta mesa, reuniremos pesquisadores do MediaLab.UFRJ e da Lavits para debater estas questões.
Mesa composta por MediaLab.UFRJ e Lavits:
Fernanda Bruno
Anna Bentes
Lorena Reghattieri
Paulo Faltay
Victor Vicente