No dia 19.05, Bruno Cardoso ministrou a conferência “Genealogia de uma distopia real: tecnopolíticas de segurança e o modelo gerencial-militarizado”, no Encontros ViaLact, do LACT/UnB. Cardoso apresentou o resultado da pesquisa que realizou por mais de 10 anos no Centro Integrado de Comando e Controle do Rio de Janeiro, enfocando no aspecto tecnológico.
Resumo da conferência: A pesquisa a ser apresentada teve início em 2006, a partir de uma etnografia no sistema de comando e controle recém-adotado pela Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, que consistia, então, quase exclusivamente em um esquema de videovigilância policial. Em 13 anos, o programa piloto do Centro de Comando e Controle do Rio de Janeiro foi ampliado com a construção de um prédio que se tornou central na gestão da segurança estadual, constituindo em seguida a espinha dorsal nos preparativos e ações de segurança e defesa durante os megaeventos ocorridos no Brasil entre 2013 e 2016, e sendo posteriormente transformado em quartel-general da intervenção federal decretada no Rio de Janeiro em 2018. Ao longo desse percurso, foi ganhando corpo, em torno do sistema tecnológico em questão, um modelo de governo intitulado gerencial-militarizado, que rapidamente ultrapassa o âmbito da segurança pública e passa a ser visto como protótipo desejável de atuação do poder público, culminando na eleição e composição do governo Jair Bolsonaro e, consequentemente, na própria forma como o Estado passa a ser pensado e suas ações planejadas.
