Membros da Lavits se reúnem no Rio de Janeiro

No dia 13 de março de 2020, logo antes de começarmos o período de isolamento social, alguns membros da Rede Latino-americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Lavits) se encontraram, no Rio de Janeiro, para um breve evento de trocas de experiências em pesquisa e para discutir algumas questões da própria rede. Na primeira parte do encontro, a pauta focou em aspectos

operacionais e alguns planejamentos. Na segunda parte, contamos com apresentação de alguns dos projetos de pesquisa em andamento. Além dos membros da Lavits, também participaram do evento pesquisadores dos laboratórios Medialab.UFRJ e Laboratório de Estudos Digitais (LED-IFCS) e outros convidados.

A rodada de apresentações começou com o pesquisador Rodrigo Firmino, professor da PUCPR e membro da Lavits,  para apresentar o projeto “Hackeando o ambiente urbano”, desenvolvido em parceria com o pesquisador Andres Luque Ayala, da Universidade de Durham no Reino Unido, e o data_labe, laboratório de dados e narrativas na favela da Maré – Rio de Janeiro, apoiado pela British Academy. O projeto investiga como os fluxos urbanos e sua relação com a natureza e a cidade estão sendo repensadas/refeitas por meio de um engajamento com iniciativas que envolvem ativismo e tecnologias digitais. A pesquisa tem como foco o próprio data_labe e suas ações de geração cidadã de dados e construções de narrativas da favela, e especificamente o projeto CocôZap que tem o objetivo de construir narrativas e bancos de dados sobre as condições do saneamento na Maré por meio de notificações enviadas pelos moradores a um número de WhatsApp. Contamos também com a presença da pesquisadora associada da equipe Iris Rosa (LED-IFCS) que contou sobre a atuação junto ao Cocôzap.

Em seguida, o membro da Lavits, Bruno Cardoso, professor da UFRJ e coordenador do LED-IFCS, e sua equipe, pesquisadores da graduação e da pós-graduação, apresentaram alguns dos projetos que vêm desenvolvendo no laboratório. Primeiro, a pesquisa “Apropriações da Uberização no Brasil”, com a participação de Nina Desgranges Valladão (Iniciação Científica) e Waldo Almeida Ramalho (Mestrado), que investiga como o uso de smartphones e aplicativos vem produzindo transformações nas relações de trabalho e na circulação de pessoas, veículos e mercadorias nas cidades brasileira, a partir de estudos de caso sobre os entregadores de iFood e Rappi (os dois aplicativos de entrega mais populares) e os motoristas de Uber.  O segundo projeto apresentado foi o “WhatsApp como ferramenta política”, junto com a equipe de pesquisadores da Iniciação Científica Francisco Kerche, Júlia Sampaio, João Paulo Ricotta e Wickson Ribeiro. A pesquisa, realizada ao longo do ano de 2019, a teve por objetivo analisar o papel do aplicativo de comunicação instantânea Whatsapp no cenário político brasileiro, em especial nas eleições de 2018, que elegeram Jair Bolsonaro presidente. Para tanto, foi analisado o material disponibilizado pela plataforma “Monitor do WhatsApp” (colocar referência), que consiste no conteúdo compartilhado em vários grupos públicos deste aplicativo voltados para a propaganda política no período eleitoral.

Ao final da reunião, recebemos a notícia de que diversas universidades, públicas e privadas, já haviam  suspendido suas atividades para as próximas semanas, dando início ao período de isolamento social. Enquanto permanecemos isolados, recomendamos a acompanhar a nova série #Lavits_covid19: Pandemia, tecnologia e capitalismo de vigilância.

Compartilhe