O Estadão publicou no dia 22.03 uma matéria sobre “ansiedade algorítmica”, expressão utilizada para definir as sensações de angústia e sofrimento mental na relação com sistemas de recomendação e algoritmos de plataformas digitais. A coordenadora do MediaLab.UFRJ, Fernanda Bruno, e o pesquisador Paulo Faltay contribuíram com a discussão.
A reportagem traz entrevistas com duas produtoras de conteúdo que relatam ter sofrido um quadro de burnout devido à ‘noia’ do algoritmo. As influenciadoras afirmam que a pressão para entender os segredos dos algoritmos de recomendação e produzir conteúdos que agradem o sistema, correndo sempre atrás do engajamento, pode levar à sobrecarga e exaustão, além de tornar o trabalho pouco prazeroso e desestimulante. O cansaço também se relaciona com a pressão para trabalhar no ritmo destes algoritmos, em uma lógica maquínica 24/7, para não sofrer penalizações.
Fernanda Bruno chama atenção para como “a cultura digital é uma cultura da ansiedade”. A ansiedade, afirma, se relaciona com as expectativas e demandas que o outro tem de mim, seja no trabalho, na vida social, no amor, na família. “E esses algoritmos, que estão mediando nossa experiência nas plataformas, nos colocam o tempo inteiro nesse registro do que o outro quer ter, do que o outro gostou, do que o outro fez, do que o outro compartilhou. Isso é extremamente ansiogênico, porque nosso desejo começa a funcionar o tempo inteiro no registro do outro e não mais no registro do que seria efetivamente interessante para nossas vidas”, alerta.
Paulo Faltay complementa que a procura constante por visibilidade, curtidas e engajamento cria uma “relação muito marcada pela competitividade e pela comparação com os outros.” Para ele, isso leva a uma “busca infindável por aperfeiçoamento, em uma cultura de avaliação, que adoece as pessoas”.
Leia a matéria completa aqui.