Depois de ter feito um acordo com o Google para a utilização da ferramenta Classroom e de e-mail institucional, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) deve fazer uma parceria com a Microsoft. A Lavits apurou que o assunto está tramitando na Coordenadoria de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC). De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, a parceria está em “fase de discussões e análise institucional”.
Segundo o professor José Armando Valente, coordenador do Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais (GGTE) da Unicamp, a comunidade acadêmica também terá um e-mail institucional oferecido pela Microsoft, nos moldes do que ocorreu com o Google. “A primeira coisa que eles [Microsoft] estão oferecendo é isso, um e-mail ‘m.unicamp.br’. E acho que vão entrar mais coisas na nuvem, coisas desse tipo. Logo que a empresa ficou sabendo do acordo com o Google, veio atrás da Unicamp”, contou, em entrevista para a Lavits.
Ainda segundo Valente, a parceria deve se estender para o caminho comercial. “Ainda está em discussão (…), por meio disso o aluno vai poder comprar software deles [Microsoft] com preço mais barato, uma série de outras coisas comerciais que estão entrando nesse convênio”.
A sinalização da parceria pode acender o sinal de alerta em parte da comunidade acadêmica que já se mostrou surpresa com o acordo que a universidade fez com o Google. Questões como proteção dos dados dos usuários e falta de transparência sobre a parceria foram levantadas na ocasião. Há ainda a preocupação com materiais confidenciais e estratégicos de pesquisas desenvolvidas por institutos da universidade, que passarão a circular em redes externas das empresas de tecnologia.
Segundo Valente, os dados dos e-mails e material inseridos por usuários no sistema do Google não estão nos servidores da Unicamp. O mesmo deve ocorrer com o novo e-mail da Microsoft.
“O problema sério que eu vejo é que o material que o professor coloca no Classroom não está aqui na nossa máquina. Agora, você decide, você vai pra cá [Classroom] se você quiser, ninguém está te obrigando. A orientação que a gente está dando é que o professor não coloque certas coisas ali, tome cuidado; Mas o professor decide, ele é o responsável pelo que faz”, avalia José Valente.
Para o pesquisador da Rede Lavits, Rafael de Almeida Evangelista, a questão é mais complexa. Ele cita como exemplo o momento em que o acordo com o Google foi anunciado pela Unicamp, por meio de um e-mail que circulou entre professores, alunos e funcionários. “Quando a universidade anuncia oficialmente o acordo, em um e-mail para a comunidade acadêmica, ela está incentivando o uso do sistema”, pondera.
Por Sarah Schmidt