Rafael Evangelista escreve livro sobre o sonho hacker de salvar a democracia

No e-book Para além das máquinas de adorável graça, Rafael Evangelista conta como os hackers que ocupavam o turno da madrugada esperando que alguém com horário marcado faltasse para que eles tivessem acesso às máquinas do laboratório do MIT protagonizaram momentos inauguradores de uma cultura de grupo que seria popularizada na Califórnia, ressignificada no Brasil, dotada de diferentes contornos e emaranhada em improváveis alianças ao longo dos anos.

“Com um recorte histórico que parte dos anos 1950, Rafael Evangelista investiga neste segundo volume da Coleção Democracia Digital a influência da cultura hacker nas mudanças trazidas às democracias com a expansão das redes digitais. Segundo o professor, jornalista e doutor em Antropologia Social, a ação e a ética hacker foram determinantes na construção dos sistemas que organizam as redes de comunicação e os usos que fazemos delas hoje. Longe de uma apologia às potencialidades das grandes calculadoras que recebiam, então, o nome de computadores, Evangelista dedica parte do livro aos riscos à democracia abertos com as possibilidades de controle e vigilância dos cidadãos. Esta coleção é editada em inglês e português, apenas em formato digital.”

O e-book foi editado pela Sesc SP na coleção Democracia Digital organizada por Sérgio Amadeu da Silveira (UFABC/CGI/Lavits). O livro atualmente se encontra em pré-venda e tem data de lançamento prevista para o dia 28 de julho. Rafael estudou o movimento software livre brasileiro ao longo dos anos 2000 e atualmente pesquisa capitalismo de vigilância em seu pós-doutorado na Queen’s University. No livro, ele escreve sobre como a valorização econômica do fluxo de informações foi o “jeitinho que o capitalismo deu para sobreviver” e o momento atual no qual cultura hacker foi retomada por atores interessados em usar a circulação de dados unilateralmente para aumentar a distância social.

” Temos hoje um conjunto diverso de atores veiculando muitas interpretações sobre os fatos e o mundo, algumas completamente descoladas da realidade ou de algum senso de solidariedade, mas o gerenciamento desses fluxos informativos é altamente centralizado e rompe com instituições históricas de debate público”, diz Rafael. Para o pesquisador, a disputa atual é menos sobre a democratização do conhecimento, ainda que ela seja importante, e mais sobre o combate ao controle central de processamento dos fluxos de informação. “Para a democracia sobreviver com algum grau de solidariedade e de real representação dos interesses coletivos vai ser preciso fazer frente a essa grande máquina de previsão e predição de comportamentos que os autores tem chamado de capitalismo de vigilância”.

As lojas virtuais ou aplicativos que disponibilizam o livro são:

Em português:

Em inglês: Beyond machines of loving grace: Hacker culture, cybernetics and democracy

 

Editora: Edições Sesc SP

Idiomas: disponível em inglês e português

Lançamento: Julho de 2018 (português) Agosto de 2018 (inglês)

 

Rafael Evangelista é professor do Labjor/Unicamp e membro-fundador da Lavits.
Compartilhe