Ciência em Tempos Sombrios: descolonizando o pensamento e territorializando as disputas

O 10° Simpósio Nacional de Ciência, Tecnologia e Sociedade e da Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologia (ESOCITE), em Maceio de 25 a 27 de outubro de 2023. O Pimentalab está participando da organizaçção de dois GTs com temáticas próximas, porém com enfoques distintos. Vejam abaixo as ementas.

Chamadas abertas para a submissão de trabalhos até 02/06/2023.

GT 08: CTS, Teoria & Prática e Ação Política

Coordenador/a
John Bernhard Kleba (ITA), Henrique Luiz Cukierman (Programa de Eng. de Sistemas e Computação-COPPE-UFRJ), Sandra Rufino (Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

Debatedor/a
Henrique Zoqui Martins Parra (Universidade Federal de São Paulo)

Descrição: Pensar criticamente o campo CTS implica em confrontá-lo com desafios epistemológicos, pedagógicos e políticos. Mais do que apenas um movimento de ideias, os Estudos CTS pressupõem a mediação teoria & prática como forma de pautar e subverter a pesquisa e o desenvolvimento técnico-científico, reivindicando uma radical democratização. Descolonizar o saber também implica em fomentar metodologias e diálogos interepistêmicos, incluindo aqueles grupos sociais excluídos dos processos decisórios e, via de regra, também das reflexões no campo CTS. A busca de futuros viáveis e desejáveis parte de um compromisso fundamental com os interesses públicos, coletivos e solidários, a ser construída em conjunto com movimentos sociais e comunidades de forma situada e imersiva em seus territórios culturais, sociais e geográficos. Nesse sentido, a proposição do Grupo de Trabalho “CTS, teoria & prática e ação política” visa a debater experiências que articulem enfoques críticos, como a Tecnologia Social e as Engenharias Engajadas e Populares, entre outros, com experiências que enfrentem problemas estruturais da sociedade brasileira (p.e., racismo, desigualdades, injustiça social, exclusão social e sociotécnica etc.). Entre as perguntas que aqui emergem estão: o que transformar, i.e., quais as prioridades de mudança para diferentes atores no campo? Que ideias de futuro estão em questão? Como transformar, i.e., quais intervenções defendemos e quais recusamos? Quais os condicionantes de possibilidade para tanto, i.e., que contextos políticos e institucionais são necessários? Qual o papel das universidades nisso, da extensão e do ativismo? Como embutir na produção e uso de tecnologias valores disruptivos e utópicos? Objetivos: Debater experiências pedagógicas (universidades) e políticas (redes, movimentos, políticas públicas), que sejam capazes de descolonizar saberes, e desafiar os Estudos CTS com ações práticas e articuladas com atores sociais; Discutir as novas tendências da relação entre ensino, pesquisa e extensão nos Estudos CTS, incluindo ferramentas, concepções e os desafios de uma extensão transformadora; Refletir sobre o enfrentamento de problemas reais a partir da busca da emancipação, da solidariedade e da ação cidadã em territórios específicos; Avaliar experiências em projetos sociotécnicos que envolvam cocriação, perspectivas interepistêmicas e construção participativas;

GT 22: Recompor mundos, refazer alianças: repensando a co-produção e as fronteiras ciência-política em tempos de emergências

Coordenador/a
Thiago da Costa Lopes (Casa de Oswaldo Cruz/ Fiocruz), Alana Moraes (IBICT-UFRJ), Henrique Zoqui Martins Parra (Universidade Federal de São Paulo)

Debatedor/a
Alyne de Castro Costa (PUC-Rio)

Descrição: Em meio a um cenário expansivo de emergências socioambientais e sanitárias, as redes tradicionais ligando ciência, expertise e autoridades governamentais no âmbito da tomada de decisões têm sido mais intensamente confrontadas. Controvérsias e crises do regime de verdade e de informação revelam uma ordem cognitiva e política fortemente cindida. Nesse contexto, a própria comunidade de estudiosos parece dividida. De um lado, emerge a aposta em concepções neopositivistas da ciência a fim de restabelecer o regime de autoridade e verdade da prática científica. Pretende-se, nesse caso, frear a “politização” de debates vistos como eminentemente técnico-científicos e a proliferação de controvérsias que ameaçam contaminar a grande fronteira entre Ciência e Política, parte fundante da Constituição não escrita dos Modernos tal como a denominava Bruno Latour. Por outro lado, ganha força um conjunto de práticas de conhecimento que não perde de vista a co-produção da ordem cognitiva e social, e que se mostra, portanto, disposta a repensar, a um só tempo, ciência, tecnologia e sociedade. Interessado em aprofundar o debate em torno dessa perspectiva, o presente GT acolherá tanto reflexões teóricas e metodológicas quanto estudos empíricos que evidenciem o valor acadêmico e político dos CTS no enfrentamento das múltiplas crises do presente e na reconstrução de regimes de confiança capazes de sustentar mundos comuns. São bem-vindos estudos que apostem na abertura da Ciência para regimes mais participativos e para articulações entre cientistas, experts e comunidades de afetados por desastres ou ameaças sanitárias/socioambientais, contaminações e violações de todos os tipos. Ou ainda, trabalhos que considerem novas possibilidades de arranjos sociotécnicos e epistêmicos envolvendo alianças multiespécie, epidemiologias populares e conhecimentos produzidos por povos da terra. Interessam-nos, da mesma forma, pesquisas em torno das alianças e co-implicações entre práticas científicas e agentes, em alguma medida, responsáveis por ameaças e catástrofes socioambientais, como aqueles vinculados ao grande extrativismo, indústrias químicas e ligadas à combustíveis fósseis, tecnologias securitárias que ameaçam populações racializadas e seus ecossistemas ou controvérsias em torno do expansivo mercado de crédito de carbono e de energias consideradas “limpas”.

 

Mais informações e inscrições vejam no site do evento: https://www.10esocitebr.com/

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