A Organização das Nações Unidas (ONU) considerou que Julian Assange, fundador do WikiLeaks, está sendo detido de forma arbitrária pelo Reino Unido e pela Suécia. O parecer foi divulgado na sexta-feira pelo Grupo de Trabalho Sobre Detenção Arbitrárias da ONU. Assange vive há três anos e meio na Embaixada do Equador, em Londres, de onde não pode sair sob o risco de ser preso pela polícia inglesa.
“O grupo considera que as várias formas de privação de liberdade a que Julian Assange foi submetido constitui uma forma de detenção arbitrária”, declarou Seong-Phil Hong, da ONU. A avaliação da organização trouxe a expectativa de que Assange deixasse de ser persrguido e tivesse sua liberdade de volta, mas aparentemente os governos sueco e britânico ignoraram o parecer do grupo e afirmaram que a declaração da ONU não modifica nada.
Durante o dia, muitas pessoas se reuniram em frente à embaixada para prestar apoio ao fundador do Wikileaks. Dentre elas estava o pesquisador da Lavits Rodrigo Firmino. “Essa é provavelmente uma decisão sem precedentes por parte de países-membros contra uma recomendação da ONU, e traz perspectivas perigosas para futuras decisões contra ditaduras e regimes abusivos, como Edward Snowden tuitou: ‘Isso marca um passo para qualquer ditadura rejeitar decisões da ONU. Precedente perigoso para o Reino Unido/Suécia estabelecerem’”, escreveu Firmino, no texto Stop hunting whistleblowers! (Parem de perseguir delatores!, em tradução livre)
Assange fez um discurso na sacada da embaixada em que enfatizou que a recomendação é uma vitória, apesar da posição contrária dos governos. “É uma vitória para mim, para a minha família, para os meus filhos e principalmente para a independência do sistema das Nações Unidas”, declarou. Para ele, a posição do Reino Unido e da Suécia é “Ilegal, imoral e antiética”.
Para Renata Avila, advogada do Wikileaks, a declaração trouxe, sim, grandes mudanças “Tudo mudou depois que a ONU declarou que a detenção de Assange é arbitrária. Suécia e Reino Unido perderam no mais alto nível”, tuitou.
Agora, há a expectativa de que haja uma forte pressão popular para que Assange seja, de fato, libertado. “Todos nós sabemos que Assange não é um delator, ele (ou Wikileaks) só facilitam o trabalho desses caras. Mas vamos encarar a verdade, as delações se tornaram um serviço humanitário crucial no confuso, turvo e obscuro mundo de hoje. Em um tempo em que (mega) corporações e poderosos governos fazem muitas coisas embaixo da mesa, delatores são um balanço necessário em favor dos cidadãos comuns”, escreveu Rodrigo Firmino.
Por Sarah Schmidt