CHAMADA DE TRABALHOS
ASSIMETRIAS E (IN)VISIBILIDADES: VIGILÂNCIA, GÊNERO E RAÇA
VI Simpósio Internacional LAVITS
Salvador, 26 a 28 de junho de 2019
Ainda que a crescente presença de processos de vigilância nos espaços urbanos, informacionais e sociais seja um fenômeno global, suas inscrições locais comportam singularidades que merecem ser pesquisadas e debatidas. Sabe-se que na América Latina, e no Brasil em particular, as tecnologias e práticas de vigilância e controle são historicamente atreladas a estruturas coloniais, estatais e econômicas de produção de desigualdades, segregação ou mesmo extermínio de populações específicas, especialmente, indígena e negra. Sabe-se, igualmente, que a criminalização da pobreza vem sendo reproduzida em diferentes momentos da história latino-americana e brasileira, tornando territórios, comunidades e populações pobres alvos privilegiados da violência, vigilância e controle por parte do Estado. Ao mesmo tempo, são historicamente conhecidas as diversas formas de controle e vigilância sobre o corpo e a vida das mulheres.
Apesar da evidência de todos esses processos, os estudos de vigilância ainda não lhes dedicaram a devida atenção. Essa edição do Simpósio Internacional LAVITS pretende contribuir para o enfrentamento dessa lacuna, levando em conta tanto as heranças históricas da relação entre vigilância, gênero e raça, quanto os seus desdobramentos contemporâneos. As atuais arquiteturas, dinâmicas e tecnologias de vigilância persistem sendo marcadas por uma forte assimetria, vigiando, controlando e punindo certos grupos e garantindo a segurança, o conforto e a mobilidade de outros. Os avanços da biometria, da vigilância algorítmica, dos sistemas de reconhecimento facial, da captura e análise massiva de dados pessoais para a produção de perfis comportamentais e microtargeting, entre muitos outros exemplos, vêm reforçando as inquietações com a reprodução de desigualdades, preconceitos e discriminações. Lógicas de poder similares são reproduzidas nas cidades, no campo, no controle de fronteiras e no espaço informacional.
Pretende-se ainda discutir como a produção de assimetrias alia-se a um complexo regime de (in)visibilidades. Na busca pelo aparelho que permite ver melhor, mais longe, mais perto ou ver de verdade, o olhar vigilante produz norma, padrão, apagamentos e silenciamentos. Os aparatos de vigilância e controle persistem operando entre a invisibilidade dos sujeitos e corpos subjugados e a hipervisibilidade do corpo negro ou indígena racializado, do corpo sexualmente mercantilizado da mulher ou do corpo transexual hostilizado. Tais regimes de (in)visibilidade articulam-se a arquiteturas de violência que tornam alguns mais suspeitos, mais perigosos, mais indesejáveis, mais matáveis que outros. Compreender as heranças e atualizações dessas assimetrias e invisibilidades, bem como explorar e analisar as formas que elas assumem nos aparatos contemporâneos de vigilância visa não apenas preencher uma lacuna na produção de conhecimento, como também abrir novos horizontes e práticas de pesquisa e de debate público e científico sobre o tema.
O EVENTO
A Rede LAVITS (Rede Latino-Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade), fundada em 2009, conta com membros de ao menos 14 instituições de quatro países latino-americanos (Brasil, Argentina, México e Chile) e um país europeu (Bélgica). Com histórico de realização de simpósios internacionais em diferentes países latino-americanos (como México, Argentina, Chile e Brasil), a LAVITS retorna ao Brasil em 2019, para a cidade de Salvador (Bahia), apropriadamente situada para as discussões sobre assimetrias e (in)visibilidades.
Este simpósio visa promover um espaço interdisciplinar de debates e de intercâmbio de conhecimentos sobre as relações entre tecnologias de vigilância e a reprodução de assimetrias na América Latina, especialmente aquelas relacionadas à discriminação socioeconômica, racial e de gênero.
A LAVITS convida pesquisadores, artistas e ativistas para a submissão de resumos, que podem estar vinculados, mas não limitados, aos seguintes temas:
- Vigilância, desigualdades e vulnerabilidades
• Assimetrias da vigilância: racismo e sexismo
• Afetos e tecnologias: redes de controle e de insurgência
• Corpos, técnicas e regimes de (in)visibilidade
• Arte, estética e políticas da (in)visibilidade
• Subjetividades e modos de subjetivação na cultura da vigilância
• Tecnoativismos, feminismos e narrativas (storytelling)
• Tecnopolíticas do comum: produção, apropriação, extração e resistências
• Saberes, tecnologias e resistências: ancestralidade e decolonialidade
• Laboratórios, metodologias de pesquisa e práticas experimentais nos estudos de vigilância
• Investigação e Intervenção: pesquisa ativista; ficção; simulação; pré-figuração e protótipos.
• Heranças da vigilância e táticas de resistência na América Latina: quilombolas, povos originários, trabalhadoras da terra etc.
• Movimentos sociais e conflitos: anonimato, criptografia e segurança
• Comunicação pública sobre vigilância na América Latina: especificidades e desafios
• Necropolítica, Estado e neoliberalismo: populações, territórios e modos de vida vulneráveis
• Democracia, exceção e autoritarismo no capitalismo de vigilância
• Discurso de ódio e desinformação nas redes sociotécnicas
• Democracia e maquinarias de controle
• Eleições e Big Data
• Governamentalidade algorítmica, inteligência artificial e capitalismo maquínico
• Dados pessoais, comportamentais e psicométricos nas redes sociotécnicas
• Capitalismo de vigilância, de plataforma e o uso econômico de dados informacionais
• Trabalho digital global no capitalismo de plataforma e de vigilância
• Trabalho e automação: controle, regulação, extração, direitos
• Cidades e territórios: da gestão “inteligente” à militarização do cotidiano
• Territorialidades subversivas
• Políticas da verticalidade: drones, satélites e visibilidades de sobrevôo
• Infra-estruturas e hiper-objetos de vigilância e controle
APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
O Simpósio aceitará propostas até 15/03/2019 (Prazo prorrogado até segunda, dia 18/03, às 23h59), em diferentes modalidades. Podem ser apresentadas oficinas, mostras artísticas, trabalhos individuais e sessões livres.
Os resumos para trabalho individual devem ter até 300 palavras, com três a cinco palavras-chave.
As propostas para sessão livre, devem ser enviadas pelo coordenador da sessão, descrevendo a temática geral da sessão (até 500 palavras) e os convidados (até 4 apresentações). O coordenador da sessão será o responsável por contatar os convidados e garantir sua presença no evento.
As propostas de oficina deverão conter: título da oficina, descrição da oficina (até 300 palavras), público a que está dirigido e requisitos especiais da oficina (como projetor, mesas, entre outros).
As propostas de intervenção artística devem incluir: título da mostra, formato, descrição (até 300 palavras) e requisitos da mostra.
O formato da apresentação dos resumos e propostas será igual para todas as modalidades (trabalhos individuais, sessões livres, oficinas e intervenções artísticas). O formato deverá ser fonte 12, espaço entre linhas 1.5, justificado. Todas as submissões devem incluir, no cabeçalho: título, modalidade, dados do expositor/oficineiro/coordenador (nome completo, filiação institucional, titulação e email), resumo ou descrição da proposta, conforme a modalidade.
As propostas de trabalho podem ser enviadas em português, espanhol ou inglês, em formato PDF, .doc ou .odt para lavits2019@ufba.br, com “LAVITS_2019” no assunto da mensagem. Em caso de aceite, a data limite de entrega do trabalho completo é 30/05/2019.
Os trabalhos apresentados no Simpósio serão publicados nos Anais do evento.
COMITÊ de ORGANIZAÇÃO
Fernanda Bruno (UFRJ), Paola Barreto Leblanc (UFBA), Mari Queiroz (Pretas Hacker), Sil Bahia (Preta Lab), Graciela Natansohn (Gig@ – UFBA), Mônica Paz (Gig@ – UFBA), Rodrigo Firmino (PUCPR), Anna Bentes (Medialab.UFRJ).
COMITÊ CIENTÍFICO
Bruno Cardoso (UFRJ), Fernanda Bruno (UFRJ), Graciela Natansohn (UFBA), Henrique Parra (Unifesp), Karla Brunet (UFBA), Marta Kanashiro (Unicamp), Mônica Paz (UFBA), Pablo Rodriguez (UBA), Paola Barreto Leblanc (UFBA), Rafael Evangelista (Unicamp), Rodrigo Firmino (PUCPR), Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro (UFRJ), Izabela Domingues (UFPE), Kênia Freitas (UFES), Tharsila Fariniuk (PUC), Paulo Lara (Artigo19), Rodrigo Gonzatto (PUCPR), André Lemos (UFBA), Icaro Vidal (PUC-SP), André Holanda (UFRRJ), Frederick van Amstel (UTFPR), Lynn Alves (UFBA) Laura Castro (UFBA), José Carlos Ribeiro (UFBA), Cezar Migliorin (UFF), Diego Vicentin (Unicamp), Daniela Araújo (Maria Lab), Gabriel Menotti (UFES), Carolina Cantarino Rodrigues (Unicamp), Edson Teles (Unifesp), Alexandre Hannud Abdo (LISIS-INRA, France), Maria Fernanda Novo Santos (Unesp), Mariela Brazon Hernandez (UFBA), Mary Valda Souza Sales (UFBA), Janaína dos Reis Rosado (UNEB), Isa Beatriz da Cruz Neves (UFBA), Luciana Guilhon Albuquerque (UFRJ), Camila Santana (IFCTB), Marcus Bastos (PUC -SP), Karina Menezes (FACED – UFBA), Daniela Manica (UNICAMP), Irme Bonamigo (U. Chapeco).
DATAS IMPORTANTES:
Entrega dos Resumos: 15/03/2019 –> Prazo prorrogado até segunda, dia 18/03, às 23h59.
Divulgação dos resumos aprovados: 05/04/2019 –> Prazo prorrogado até sexta, dia 12/04.
Entrega dos trabalhos completos: 30/05/2019 –> Prazo prorrogado até quarta, dia 19/06.
CONTATO:
lavits2019@ufba.br
REALIZAÇÃO:
Rede LAVITS, IHAC-UFBA e gig@/Facom-UFBA
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