Apresentação
A Rede Lavits tem como objetivo principal ser um meio de intercâmbio entre pesquisadores, ativistas e artistas latino-americanos interessados nas conexões entre vigilância, tecnologia e sociedade. A atenção da rede se direciona especialmente aos interesses em pesquisa e ação social para as relações mais abrangentes entre tecnologias digitais, tecnopolíticas e as singularidades das sociedades brasileira e latino-americana.
Composta por pesquisadores de diferentes áreas (comunicação, sociologia, antropologia, psicologia, ciência da computação, direito, arquitetura e estudos urbanos, entre outras), a rede vem gerando, em mais de uma década, um conjunto diversificado de atividades, publicações, pesquisas, relatórios e ações civis, fruto de diálogos entre grupos de pesquisa e de ativismo na América Latina, além de cooperações com países da Europa e da América do Norte, em especial com colegas da Surveillance Studies Network. A LAVITS e os laboratórios que a compõem são hoje referência na construção de interseções entre a pesquisa acadêmica e a sociedade civil no que concerne às relações entre vigilância, tecnologia e sociedade no Brasil e na América Latina.
É fundamental para a LAVITS estimular a produção coletiva de pesquisas e de conhecimento no contexto dos países latino-americanos, considerando suas diferenças e semelhanças, mas também: estabelecer estratégias para criar atividades multidisciplinares conjuntas; encorajar a exploração de metodologias comuns entre pesquisadores da rede; dar visibilidade e influenciar políticas públicas relacionadas aos temas estudados pelos membros da rede; e intensificar o diálogo e a colaboração com movimentos sociais e artísticos que problematizam processos e tecnologias de vigilância em nossas sociedades, articulando novas ideias, parcerias e iniciativas.
Assim, a Rede Latino-Americana de Estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade tem como Posicionamentos Tecnopolíticos:
- Enfatizamos que a escalada de práticas e tecnologias de vigilância tendem a aprofundar assimetrias e desigualdades socioeconômicas na sociedade contemporânea, dificultando as disputas por justiça social, justiça ambiental e justiça de dados.
- Afirmamos que a atual centralidade das tecnologias informacionais, materializadas em políticas de vigilância como práticas de controle, demanda uma perspectiva crítica capaz de questionar e subverter seus fundamentos epistemológicos e sua pretensa neutralidade.
- Ressaltamos a importância de consolidar perspectivas decoloniais e situadas na América Latina para pesquisas e ações sociais sobre tecnologia, vigilância e sociedade. Tais perspectivas consistem, de um lado, na contestação das reinscrições de operações coloniais e extrativas sobre territórios, corpos, epistemologias, ecossistemas e modos de vida. De outro lado, trata-se de criar meios de fortalecer arranjos tecnopolíticos que retomem e ampliem a diversidade cosmotécnica latino-americana.
- Fortalecemos a democratização da produção científica e tecnológica por meio do diálogo entre saberes e práticas presentes em distintas comunidades, cosmovisões e formas de vida, reconhecendo a tecnodiversidade e a criação de outros imaginários e práticas sociotécnicas.
- Defendemos a construção de redes e coletivos inclusivos, anti-capitalistas, democráticos, igualitários e combatemos, em nossas práticas, toda forma de opressão racial, cultural, sexista, capacitista ou antropocêntrica.
- Acreditamos na formação interdisciplinar e crítica que valoriza a experiência e a pesquisa politicamente implicadas, a livre circulação e apropriação do conhecimento.
Histórico
A Rede foi criada em 2009, e desde então se organizou com uma participação majoritária de brasileiros, mas com importantes contribuições da Argentina, México, Chile, Colômbia e Costa Rica. Desde sua criação, além das pesquisas e ações promovidas em diferentes momentos, a LAVITS organizou seis simpósios internacionais, com as seguintes abordagens e respectivas cidades-sede:
- Vigilância, segurança e controle social (Curitiba, 2009);
- Identificação, identidade e vigilância (Toluca, 2010);
- Vigilância, tecnopolítica e territórios (Rio de Janeiro, 2015);
- Novos paradigmas da vigilância: perspectivas da América Latina (Buenos Aires; 2016);
- Vigilância, democracia e privacidade: vulnerabilidades e resistências (Santiago, 2017);
- Assimetrias e (in)visibilidades: vigilância, gênero e raça (Salvador, 2019).
As temáticas que definiram cada simpósio demonstram mudanças permanentes de foco e um olhar cada vez mais atento a questões e problemáticas mais próximas da realidade latino-americana e do Sul Global.
Adesão de novas/os integrantes
A Rede latino-americana de estudos sobre vigilância, tecnologia e sociedade (LAVITS) está aberta à adesão de integrantes interessadas/os em contribuir para a sua construção e consolidação.
A pessoa interessada deverá enviar uma carta de interesse (não mais de 300 palavras) para o email lavits.org@riseup.net contendo:
- informações pessoais (nome, contato, minibio, filiação institucional);
- concordância com nossos posicionamentos tecnopolíticos (veja aqui);
- breve resumo de atuação, dos interesses e da agenda atual de pesquisa, incluindo entre 3 e 5 palavras-chave;
- motivações e interesse em integrar a rede.
A carta de interesse será analisada pelo Conselho Ciborgue tendo em vista sua pertinência ao escopo, objetivos e princípios da LAVITS. A decisão será comunicada por email no prazo máximo de 15 (quinze) dias contados do recebimento da submissão e, caso positiva, será acompanhada de uma carta de boas-vindas e um convite para integrar uma lista de emails e um grupo no Telegram.
Permanência e Atuação
Com o objetivo principal de ser um meio de intercâmbio entre pesquisadoras/es, ativistas e artistas latino-americanos, a rede busca consolidar uma atuação ativa na pesquisa e na ação social no escopo sobre tecnologia no contexto das sociedades latino-americanas. Portanto, fica estabelecido como requisito à permanência na LAVITS que suas/seus integrantes façam ao menos uma contribuição – seja como pesquisadoras/es, expositoras/es, autoras/es, organizadoras/es etc – em pelo menos um evento, pesquisa, publicação, atividade ou projeto no âmbito da Rede LAVITS em um período de (três) anos a partir da adesão ou renovação como membro.
A título de exemplo, entre estas contribuições possíveis estão: participação e ou co-organização de simpósios, seminários e encontros LAVITS; autoria ou contribuição em publicações da rede; proposição ou participação em projetos de pesquisa, bem como outras iniciativas desenvolvidas no âmbito da LAVITS.
As/os integrantes da LAVITS podem se identificar como membros da rede em apresentações individuais sempre que julgarem pertinente. Entretanto, para falar em nome da LAVITS e/ou representar a rede publicamente e/ou em Fóruns, é preciso ter aprovação do Conselho Ciborgue.
Uma vez parte da LAVITS, a/o integrante terá seu nome divulgado em nosso site e deverá se inscrever na lista de emails onde enviamos informações centrais da rede. Quem desejar, poderá solicitar também participar do grupo que mantemos no Telegram.