O presente projeto dá continuidade a uma série de pesquisas e projetos dedicados à compreensão dos processos de espacialização (constituição de lugares e territórios) na cidade contemporânea associados ao uso de tecnologias e práticas de vigilância e controle. Após o estudo de inúmeras situações de vigilância e controle na cidade, tanto do ponto de vista teórico-conceitual como nos trabalhos empíricos (meus e de meus orientandos de mestrado e iniciação científica), evidenciou-se a necessidade do aprofundamento das pesquisas com a finalidade de compreender as diversas territorialidades e os vários processos de territorialização impostos pelas atividades de vigilância e controle, e suportados pelas TICs. As observações a serem realizadas são suportadas por fenômeno crescente nas cidades brasileiras, em que cidadãos e empresas privadas se organizam informalmente para monitorar espaços públicos de entorno às suas propriedades particulares. As principais perguntas que emanam de fenômenos como este, desde o ponto de vista dos estudos urbanos são: que tipos de tensão conceitual existem na construção do território invisível formado pela projeção da visada dessas câmeras privadas sobre o espaço público? Como esses territórios têm sido percebidos e apropriados pelas pessoas que se utilizam dos espaços públicos monitorados? Que relações podem ser estabelecidas entre a construção destes territórios específicos e as diversas outras formas de territorialização presentes na cidade contemporânea? Esta pesquisa tem como objetivo central a compreensão de processos de territorialização da segregação e da segurança, pelo estabelecimento das relações entre o espaço e a cultura de vigilância e controle social, bem como as formas pelas quais a vigilância e o controle se aplicam à construção, planejamento e uso do espaço urbano, através da materialização do controle social em situações específicas relacionadas à apropriação do espaço nas cidades por diferentes atores e grupos sociais.