Este projeto pretende analisar como fluxos e infraestruturas urbanas estão sendo repensadas/refeitas por meio de um engajamento com iniciativas de cidade digital/inteligente, analisando o movimento de ativismos digitais em cidades brasileiras. Parte-se do pressuposto que essas formas de disputa por direitos e processos de reapropriação de territórios e infraestruturas manifestam um reposicionamento do urbano periférico como centro epistemológico no contexto do sul global. É do interesse deste projeto, compreender engajamentos criativos e políticos com infraestrutura, dados e tecnologias digitais na cidade como meios pelos quais o “subalterno urbano” recupera o território como espaço do cotidiano e lugar de emancipação. Com isso, pretende-se problematizar a contribuição de práticas digitais emergentes situadas nas margens urbanas para a compreensão de manifestações de um “urbanismo do sul”. Tem-se como uma das bases teóricas dessa problematização os trabalhos de Ananya Roy sobre o urbanismo subalterno, que identifica a periferia não apenas como espaço em construção, mas também como uma forma de fazer teoria urbana. A partir de um processo de coprodução de conhecimento em parceria com um coletivo de jornalismo de dados na favela da Maré (data_labe), a intenção é examinar o cruzamento entre ativismo digital e urbanismo de dados como prática que?chamando atenção para as lutas e aspectos de potência dos moradores da favela?busca decolonizar o conhecimento sobre a cidade e reconceituar o lugar da periferia no debate público. Acredita-se que essa forma de saber à margem, conferindo agência a populações historicamente negligenciadas, opera como um arranjo sociotécnico de resistência que atualiza e captura o potencial e as limitações de urbanismos subalternos ligados ao digital e às infraestruturas urbanas..